sexta-feira, 11 de abril de 2014

“Muitos querem me censurar”, desabafa Rachel Sheherazade ao ser homenageada

“Muitos querem me censurar”, desabafa Rachel Sheherazade ao ser homenageada

     
Nesta semana, a âncora do 'SBT Brasil', Rachel Sheherazade, foi homenageada com o Diploma de Honra ao Mérito, concedido pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). Em seu discurso de agradecimento, a jornalista, que está de férias da emissora de Silvio Santos, disse que muitos querem que ela seja censurada.
------racehlsRachel foi homenageada nessa quinta-feira, 10, na Paraíba
(Imagem: Divulgação/SBT)
Durante o evento, Rachel garantiu que se sente bem acolhida e quem sem o apoio das pessoas seria "mais duro fazer" o que faz. "Não é um papel fácil, não é cômodo incomodar. Incomodar é duro. Travo batalha todos os dias contra minorias muito raivosas, contra poderosos, que querem me calar e usurpar de mim o meu direito constitucional como cidadão, jornalistas e formadora de opinião. Meu direito de falar, de expressar o que sinto, o que acho, o que vejo e o que me incomoda. Quero dizer que não vou abrir mão desse direito".
Para a apresentadora, o SBT é um canal corajoso e nobre que tem "garantido a duras penas" manter o seu direito de expressão. Sobre a classe jornalística, ela vê "paradoxo sem tamanho", já que os próprios colegas estão se opondo ao direito de livre expressão. "Não entendo isso. Então digo aos meus colegas que me criticam: 'gente, isso não é um privilégio, é um direito. É um direito que vocês também têm e não sabem usar. Vocês estão dando um tiro no pé, estão apoiando uma censura em pleno estado democrático de direito'".
A sessão especial, que aconteceu no Plenário Senador Humberto Lucena, contou com a participação de Helton Renê (PP), Zezinho Botafogo (PSB), Eliza Virgínia (PSDB), Raoni Mendes (PDT) e Marcela Sitônio, que é presidente (licenciada) da Associação Paraibana de Imprensa (API).
Veja, abaixo, trecho do comentário de Rachel:Sinto-me tão bem acolhida por vocês. Se não fosse o carinho de vocês, o apoio, seria muito mais duro fazer o que faço. Não é um papel fácil, não é cômodo incomodar. Incomodar é duro. Travo batalha todos os dias contra minorias muito raivosas, contra poderosos, que querem me calar e usurpar de mim o meu direito constitucional como cidadão, jornalistas e formadora de opinião. Meu direito de falar, de expressar o que sinto, o que acho, o que vejo e o que me incomoda. Quero dizer que não vou abrir mão desse direito.
Sou cidadã brasileira, pago meus impostos, sou jornalista, comunicadora e sou contratada para isso e sou paga. Sou bem paga para isso. Vou continuar fazendo. Digo sempre que coragem eu tenho, vontade de falar também, certeza do que vou dizer eu tenho. Só preciso que me deem o veículo. O Silvio Santos tem me dado esse veículo, é um homem corajoso, a emissora onde eu trabalho é muito firme, corajosa e nobre e tem garantido esse meu direito a duras penas, sendo chantageada por partidos políticos, podendo perder a concessão pública, podendo perder ganhos com publicidade institucional, mas mesmo assim tem me defendido e defendido o direito de um jornalista se expressar, e não só o direito da Rachel Sheherazade se expressar todos os dias em rede nacional, mas o direito de cada um de nós de emitir suas opiniões, de defender o que pensa.
Essa luta pela liberdade de expressão, que muitos querem me censurar, sempre digo que é um tiro no pé. Vejo jornalistas questionando o meu direito de me expressar, questionando a liberdade de imprensa. Há pouco tempo, há 50 anos, nós vivíamos amordaçados, muitos colegas, artistas, políticos e vereadores morreram pelo direito de falar, de dizer o que está acontecendo neste país. Hoje temos esse direito e não sabemos usar, ou não temos coragem de usar, e nossos colegas jornalistas estão se opondo ao direito de livre expressão. É um paradoxo sem tamanho. Não entendo isso. Então digo aos meus colegas que me criticam: 'gente, isso não é um privilégio, é um direito. É um direito que vocês também têm e não sabem usar. Vocês estão dando um tiro no pé, estão apoiando uma censura em pleno estado democrático de direito'. Muitos colegas nossos não falam porque não podem. Graças a Deus, eu vim de uma emissora, do SBT aqui na Paraíba, onde tinha essa liberdade, ninguém me censurava. No dia em que preparei meu comentário sobre o carnaval, arranjaram um tempinho e eu pude falar. E ninguém olhou, ninguém censurava. E assim é no SBT.
Não tenho censores lá dentro, tenho aqui fora, na minha classe de jornalistas, que nunca se levantaram para me defender. Já fui ameaçada de estupro e nunca nenhuma entidade ligada aos direitos das mulheres veio me defender, veio defender a minha honra como mulher. Nunca os Direitos Humanos vieram me defender como cidadão e ser humano. Por quê? Não sou humana? Não tenho o direito de ser defendida também? Para eles, não! É uma questão do politicamente correto e eu não sigo essa onda. Porque nem sempre é correto. E eu represento a mim mesma. Não represento os defensores do aborto. Nunca vou defendê-los, aliás. Essa bandeira nunca vai ser minha. Mas não represento ninguém. Não sou política. Graças a Deus que muitas pessoas se sentem representadas por mim. Não falo todos os dias em horário nobre em busca de aplausos, não falo para ser aceita, para ter audiência. Falo para defender o que acredito. Falo para exercer o meu direito de me expressar, de lutar por um Brasil melhor. A minha missão é essa. Uso a TV para isso. O dia em que eu não puder falar mais, não é porque eu quis me calar, mas sim por que me calaram. É o dia em que a mordaça venceu mais uma vez a liberdade de expressão. Agradeço a cada um de vocês. Fico muito feliz pela homenagem.
Assista ao vídeo em que Rachel Sheherazade comenta a homenagem recebida:
https://www.youtube.com/watch?v=LrspG9dquLo

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