POLÍTICA
Um dia antes, TV Globo omite greve geral de seus noticiários "Notícia é o que acontece", escreveu apresentador. "Como concessionária, emissora tem obrigação de prestar serviço público", diz professor Lalo Leal por Redação RBA publicado 28/04/2017 12h27
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Para o principal jornal da emissora, a programação dos
movimentos desta sexta-feira não vinha ao caso
São Paulo – Quem assistiu aos noticiários da TV Globo, ontem à noite, em São Paulo, ficou sem saber que haveria uma greve geral no país nesta sexta-feira (28). Os telejornais da emissora SPTV 2ª Edição, Jornal Nacional e Jornal da Globo não fizeram qualquer menção ao movimento convocado pelas centrais sindicais e movimentos populares, que atinge praticamente todo o país.
O fato chamou a atenção de observadores, como o colunista do UOL Mauricio Stycer, especialista em televisão. "Sob qualquer ângulo que se olhe o assunto, concorde-se ou não com o movimento, trata-se de notícia de interesse público", escreveu em seu blog. "Nenhuma notícia sobre a convocação da greve, nem sobre os eventuais efeitos que pode causar em áreas de interesse do espectador, como transporte, saúde e educação, foi ao ar", acrescentou.
Ontem à noite, o jornalista Flavio Fachel, apresentador do Bom Dia RJ, arriscou uma explicação "jornalística" sobre o fato. "O que é notícia? É o que acontece. Se acontecer, a notícia é amanhã", escreveu no Twitter.
O também blogueiro Altamiro Borges registrou em sua página o método Globo. Lembrou que a emissora garantiu holofotes a todos os atos que defendiam o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016 . "Nas marchas pelo impeachment, que resultaram no 'golpe dos corruptos' que agora retira direitos até dos 'coxinhas', a TV Globo acionou a sua poderosa estrutura para insuflar os manifestantes. A grade de programação da emissora chegou a ser alterada, com mudança de horário de novelas e até de jogos de futebol, para estimular os protestos", assinala Miro.
Ele pondera, porém, que a conduta seria previsível. "Afinal, nas últimas semanas a TV Globo utilizou seu 'jornalismo' para defender apaixonadamente as contrarreformas de Michel Temer. Aplaudiu a aprovação da 'reforma' trabalhista, que rasga os direitos previstos na CLT e faz o país regredir à escravidão. Das matérias já veiculadas sobre a "reforma" da Previdência, 91% foram para defender o fim da aposentadoria."
"Isso é uma censura, é o antijornalismo", afirma o professor Laurindo Lalo Leal Filho, colaborador da Rede Brasil Atual, sobre a cobertura. "É uma cobertura ideológica, que tomou lado", acrescenta. "A greve é contra o governo, contra as medidas que o governo está tomando." Lalo Leal observa que a TV é uma concessão pública e, "como concessionária, tem a obrigação de prestar serviço público".
Isso incluiria, por exemplo, informar a população sobre a greve – ou sobre seus possíveis efeitos. "É uma ação anticonstitucional", observa o professor.
O noticiário desta manhã fala sobre a greve, basicamente abordando os "transtornos" causados pelo movimento. Mas não trata dos motivos que levaram à paralisação.
O posicionamento fica ainda mais claro quando se observa, por exemplo, o comentário do apresentador William Waack, no Jornal da Globo de ontem. Além de praticamente repetir os argumentos do governo para aprovar a "reforma" trabalhista – uma das motivações da greve geral –, ele afirma que o Brasil "sinaliza com o que é moderno" no mundo.
VER FONTES>>> http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/04/telejornais-da-globo-na-vespera-da-greve-ignoraram-o-movimento-de-alcance-nacional
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