quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O mistério das 1400 obras de arte encontradas numa casa de Munique

ARTE

Matisse

Publicado originalmente na DW.
Em meio às mais de 1.400 peças de arte recentemente apreendidas numa residência em Munique, encontram-se também obras-primas cuja existência era, até então, desconhecida. A informação partiu da historiadora de arte Meike Hoffmann, nesta terça-feira (05/11) na cidade de Augsburg, onde foram apresentados oficialmente 11 dos quadros.

Da lista consta um autorretrato de Otto Dix (1891-1969), possivelmente datado de 1919, e que sequer consta de seu catálogo de obras. O mesmo se aplica ao guache de uma cena alegórica por Marc Chagall (1887-1985), e ao retrato de uma mulher sentada do francês Henri Matisse (1869-1954). Estima-se que ambos provenham de meados da década de 20. Hoffmann enfatizou que a pintura de Chagall tem “um valor histórico especialmente elevado”.

Outros nomes ilustres citados são Pierre-Auguste Renoir, Henri de Toulouse-Lautrec, Max Liebermann, Max Beckmann, Franz Marc e Pablo Picasso. A imprensa alemã adotou a expressão “tesouro de Munique” e já fala em “reescrever partes da história da arte do século 20″. O espetacular achado não inclui, porém, apenas arte moderna, classificada como “degenerada” e confiscada pelos nazistas, mas também obras que remontam até ao século 16.
Entre os artistas antigos mais célebres, Meike Hoffmann citou Albrecht Dürer (1471–1528) e o paisagista Antonio Canaletto (1697-1768). Segundo a historiadora berlinense, à primeira vista todas as peças parecem autênticas, não havendo “absolutamente qualquer base” para que se suspeite de falsificações.

Destino das obras é imprevisível
O procurador-geral Reinhard Nemetz, que encabeça as investigações, esclareceu que na residência no bairro muniquense de Schwabing foram encontradas, atrás de uma cortina, 121 peças emolduradas e 1.285 sem moldura, perfazendo, portanto, um total de 1.406 obras – e não 1.500, como inicialmente noticiado. Elas incluem quadros a óleo, gravuras, desenhos e aquarelas.

Também ao contrário do que afirmara a imprensa alemã, o apartamento de Cornelius Gurlitt, em cuja posse as obras se encontravam, foi revistado de 28 de fevereiro a 2 de março de 2012, não no ano anterior. Segundo Nemetz, pesam contra ele acusações de sonegação de impostos e apropriação indébita. No entanto, as investigações são extremamente difíceis.

Segundo Nemetz, desde a segunda-feira várias pessoas lhe ligam, identificando-se como proprietárias verdadeiras de uma obra ou outra. No entanto, é impossível prever quem ficará com o quê, no fim das contas, devido à complexidade do caso.

Gurlitt recebeu as peças de arte de seu pai, que era marchand durante a época nazista e havia sido encarregado pelos líderes do regime de vender no exterior obras de arte confiscadas. As obras eram confiscadas sob o pretexto de serem “arte degenerada”.

O procurador mencionou que o colecionador de 80 anos concordou em colaborar com a lei, sem, no entanto, revelar o teor de suas declarações. Ele acrescentou que, no momento, os investigadores não têm contato com Gurlitt e não sabem de seu paradeiro. Tampouco há um mandado de prisão contra ele.

'O Domador de Leões', de Max Beckmann
‘O Domador de Leões’, de Max Beckmann

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