sábado, 25 de agosto de 2012


  ponto de vista                                                                                       

Saudável utopia




Por Angelo Castelo Branco

Encontrar uma mensagem ou frase que sintetize intenções e ao mesmo tempo sensibilize mentes e corações dos que votam e formam opinião, é algo dificílimo e muito rarefeito na literatura política. A frase definitiva que impõe o imperativo “vote em mim” de forma eficiente e com pouca ou nenhuma reação, é o sonho dourado dos candidatos. Uma saudável utopia que pode ser explorada através da racionalidade muitas vezes inédita numa campanha eleitoral, e até mesmo abrir espaços para inovações.

Tome-se como possibilidade para se praticar essa utopia as chamadas regiões metropolitanas do Brasil. São conglomerados urbanos muito densos separados politicamente por fronteiras municipais secas, e praticamente integrados como num único bloco urbano. Tudo nelas é comum. Desde os hábitos de se assistir diariamente aos lixos veiculados pelas TVs até as dificuldades de transporte, de água encanada, de violência, poluição multifacetada e insegurança, iluminação pública, falta de parques e jardins, escolas públicas mal tratadas e um rosário de déficits que não caberiam nem ficariam bem nesse texto.

As bases da concepção dos conceitos de região metropolitana pretendem ajustar esses municípios, entrelaçados e condenados em bloco a um mesmo futuro, a um plano diretor comum de gestão pública capaz de assegurar a extensão de medidas prioritárias em benefício de todo o conjunto. Ou seja, de nada adianta tentar se equacionar as graves questões de mobilidade ou transito de uma capital geminada a uma região metropolitana, nem propor um plano de abastecimento de água ou serviço de saneamento, se o projeto não se estender com a mesma viabilidade aos demais vizinhos municípios. A desordem da maioria não permite e até cria obstáculo complicado para se manter a ordem numa minoria territorial. Ninguém vive bem quando convive ao lado com a desordem e a infelicidade urbana.

Essa constatação cria possibilidades nunca exploradas pelos partidos políticos numa campanha eleitoral. Se um partido apresenta candidatos com sua sigla para todos os municípios de uma região metropolitana, por que não apresenta-los como potenciais gestores de um plano único de ação administrativa que contemple e estenda resultados comuns para todos os mesmos municípios que gravitam em torno da capital e padecem das mesmas deficiências. De que adianta se ter uma escola pública de excelência numa capital se há uma escola pública sucateada a dez minutos dali.

A integração administrativa pela via dos partidos alem de democraticamente estimulante sugere também a elevação comum da autoestima de toda uma população metropolitana e serve de tema para uma boa campanha eleitoral, diferente e inovadora.

em homenagem ao saudoso jornalista Duda Guenes, grande apologista da utopia

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