POLÍTICA
Após meses de críticas genéricas ao governo, pré-candidato ao Planalto pelo PSB cita nome da petista: ‘Brasil não aguenta mais 4 anos de Dilma’
"O Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma." Nesta segunda-feira, 10, durante uma maratona de eventos em São Paulo, disse que a presidente "foge do debate", é "autoritária" e não promoveu a faxina ética que havia prometido no início de sua gestão.
Durante um almoço com 60 dirigentes ambientalistas e empresários ligados ao setor na capital paulista, Campos disse, segundo relatos de participantes, que a presidente não tem "sensibilidade com a questão ambiental, é avessa ao diálogo e tem um estilo autoritário de governar".
O governador estava acompanhado da ex-ministra Marina Silva, que desembarcou na capital discretamente e sem informar em sua agenda que participaria do encontro. Ele lembrou, ainda, que durante a campanha Dilma "vendeu" a imagem de que ela seria uma gerente competente mas afirmou que isso "não se confirmou".
Prova disso seriam os promblemas no setor elétrico e a gestão da Petrobrás. Campos também afirmou que a presidente passou a imagem de que faria uma "faxina ética" e teria postura "rigorosa" com escândalos de corrupção envolvendo membros do governo, mas depois "se acomodou".
O evento foi promovido pelo ex-deputado Fábio Feldman e seguiu o mesmo modelo do jantar realizado no fim do ano passado com o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.
Desta vez, porém, o tom foi diferente. Enquanto Aécio foi duramente cobrado para que o PSDB retomasse bandeiras ambientalistas dos tempos da fundação do partido e ouviu reclamações pontuais sobre governos tucanos, Campos foi poupado de assuntos espinhosos.
Coube à ex-ministra do Meio Ambiente a tarefa de responder sobre os temas mais "delicados", como o Código Florestal. Nem mesmo a energia nuclear, uma antiga bandeira do PSB que é combatida pelo movimento ambientalista, entrou em pauta. "A Marina tornou-se uma grande avalista do Eduardo Campos nesses temas. Não há como negar isso", diz Feldman.
Participaram do encontro representantes de ONGs como SOS Mata Atlântica, Greenpeace, WWF e empresários, como Walter Schalka, presidente da Suzano. Apesar da simpatia e da relação histórica com Marina, os ambientalistas disseram que não vão declarar apoio formal a nenhum candidato. Dilma também foi convidada para outro desses encontros por intermédio da ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, mas ainda não deu resposta.
Debate. Pela manhã, em palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Campos acusou Dilma de fugir do debate sobre o futuro do País. "O debate não está ocorrendo. Todos nós respeitamos a presidenta da República, mas ela não tem o direito de fugir do debate", disse.
O pré-candidato também acusou o governo de esconder que o Brasil passa por um momento difícil na economia. "Há uma crise de expectativa, uma crise política, uma crise econômica. E não se resolve isso escondendo que há uma crise. Se resolve enfrentando com diálogo, com capacidade política, técnica, juntando forças", afirmou.
Para Campos, apesar de a crise financeira internacional ter se intensificado nos últimos anos, há uma série de problemas enfrentados atualmente pelo Brasil que foram gerados "genuinamente" por decisões tomadas pelo governo federal. Segundo ele, o Brasil crescia no mesmo ritmo que o resto do mundo e da América Latina, mas isso deixou de acontecer a partir de 2011.
Sem citar Dilma desta vez, ele voltou a repetir o mantra de que o "arranjo político" em Brasília "já deu o que tinha que dar" e afirmou que "nada de novo" vai acontecer se o PT continuar no poder por mais um mandato.
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