Lula quer entender como redes sociais funcionam para
mobilização popular e usufruir delas. Para ex-presidente, internet pode ser
valiosa para aprovar reforma política.
João Domingos / Brasília - O Estado de São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula quer participar
ativamente da campanha a favor do plebiscito da reforma política, defendido
pela presidente Dilma Rousseff. No encontro que teve com Dilma, na semana
passada, para tratar das grandes manifestações nas ruas, Lula teria sugerido
que ela encampasse o debate sobre a reforma política, segundo fontes ouvidas
pelo Estado.
Lula reuniu-se na última terça-feira pela manhã com representantes de
movimentos sociais aliados do governo para ouvi-los a respeito da onda de
protestos. Nas conversas, defendeu a limitação de reeleições dos mandatos
eletivos (para deputado, senador e vereador). O petista lembrou que, quando
presidente do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, reformou o estatuto da
entidade para proibir reeleições seguidas dos cargos de direção.
De acordo com um dos participantes da reunião, o ex-presidente
demonstrou curiosidade sobre as ferramentas das redes sociais para chamar o
povo às ruas, como o Facebook, o Twitter e outros semelhantes. Lula disse que
mobilizações pela internet seriam valiosas para aprovar a reforma política. O
ex-presidente estaria empenhado em testar as redes sociais para mobilizações
políticas.
Participaram da reunião com Lula representantes da União da Juventude
Socialista, braço do PC do B, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST),
da Juventude PT, da Juventude MST e da Marcha Mundial das Mulheres, este também
ligado ao PT.
Entre os assessores de Lula estavam presentes os ex-ministros Luiz Dulci
(Secretária-geral) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), que o acompanharam
depois da fundação do Instituto Lula.
África. O ex-presidente contou que viaja hoje para a África, onde
participará de eventos sobre o combate à aids e à fome e que, ao retornar ao
Brasil, pretende ajudar na mobilização a favor da reforma política.
Conforme um dos participantes do encontro, Lula falou que a defesa do
passe livre (reivindicação que deu início à ocupação das ruas) para o
transporte era "justa" e que, na sua opinião, o cenário era otimista.
Depois de indagar aos presentes o que estava levando grupos a praticarem
o vandalismo, Lula ouviu dos representantes dos movimentos sociais que a reação
ocorria por causa de ataques da Polícia Militar de São Paulo aos participantes
de uma passeata, no dia 13 deste mês.
Os representantes dos movimentos sociais disseram a Lula que fazem parte
de uma geração que tinha entre 8 e 13 anos quando o ex-presidente assumiu o
governo. Nasceram já no Estado Democrático de Direito e, portanto,
diferentemente das gerações anteriores, "a moçada de agora" só
conhecia o pleno direito de manifestação. E que, por intermédio das redes
sociais, milhões se mobilizaram para reagir a agressões.
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