SAÚDE
Falta de sono afeta o sistema imunológico
Pesquisa britânica demonstra que horas a menos de descanso alteram o funcionamento de centenas de genes, muitos deles ligados a mecanismos de defesa do corpo
Dormir pode ser um verdadeiro pesadelo para algumas pessoas. A cabeça encosta no travesseiro, mas nada de a mente desligar. No dia seguinte, as poucas horas de descanso têm seu preço: falta de disposição e dificuldade para se manter concentrado nas obrigações do dia a dia. Segundo diferentes pesquisas, além do desgaste físico momentâneo, a privação do sono tem diversos efeitos, como a liberação em excesso de hormônios ligados ao estresse. Agora, um novo estudo constata que repousar menos do que o necessário causa alterações profundas no organismo e pode enfraquecer o sistema imunológico.
“Dormir pouco durante muitas noites seguidas pode afetar o funcionamento de centenas de genes do corpo humano”, afirma Derk-Jan Dijk, principal autor da pesquisa e professor de genética funcional da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Para entender as alterações que as horas de repouso a menos causam no corpo humano, Dijk e colegas avaliaram 14 homens e 12 mulheres de 23 a 31 anos durante 14 dias.
Na primeira semana, os voluntários tiveram de dormir no máximo seis horas por noite e, nos dias seguintes, 10 horas. No fim de cada período, foram coletadas amostras de sangue dos voluntários. Na etapa em que houve privação de sono, mudanças no funcionamento de aproximadamente 700 genes foram reveladas pelos testes. Com isso, foi prejudicada a produção de diversas proteínas, incluindo algumas ligadas ao estresse e ao combate a doenças. “Houve também alteração na produção de proteínas ligadas a processos inflamatórios”, diz Dijk.
Colin Smith, que também assina o artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), chama a atenção para a grande variedade de genes afetados pela privação do sono. “Claramente, o sono é fundamental para a reconstrução do corpo e a manutenção de um estado funcional. Por meio do estudo, foi possível observar que vários tipos de danos parecem ocorrer.” Segundo o especialista, uma possibilidade é que a não reposição de células novas leve a doenças degenerativas. Derk-Jan Dijk acrescenta que outra surpresa foi constatar que bastou tirar duas das oito horas recomendadas diariamente para provocar tantas alterações, o que ressalta a importância de um sono reparador.
O neurologista e especialista em transtorno do sono da Universidade de Brasília (UnB) Nonato Rodrigues explica que dormir de forma adequada é fundamental para a saúde tanto física como mental. “O cérebro é o órgão que mais consome energia. É nele que se refazem as conexões gastas durante o dia e se descartam as malfeitas.” Além disso, não repousar afeta funções nobres e primordiais do ser humano, como a atenção, a memória, a concentração e o humor. “Na sociedade atual, que exige, além do trabalho físico, o intelectual, as poucas horas de sono abrem um leque de problemas de competência profissional e mental. Estudos já apontaram que a motricidade e o desempenho se tornam prejudicados”, informa Rodrigues, que não participou do estudo britânico.
A psicóloga clínica comportamental e de transtornos do sono Mônica Muller acrescenta à lista outros problemas, como a diminuição da libido e a tendência maior a infecções e a doenças de alta complexidade. Ela cita ainda consequências graves decorrentes da falta de tratamento. “Quando o problema se torna crônico, podemos observar o desencadeamento de sintomas depressivos em pessoas que têm uma predisposição para transtorno psiquiátrico”, aconselha.
Remédios Os dois especialistas brasileiros alertam para o risco de recorrer a remédios para dormir sem orientação médica “Alguns indivíduos tentam driblar o sono com drogas ativadoras do sistema nervoso central, cuja prescrição é restrita às pessoas que têm problemas específicos. A longo prazo, esses remédios prejudicarão o organismo, causando dependência e efeitos catastróficos sobre o cérebro”, alerta Rodrigues.
Mônica também é taxativa: “É importante buscar um profissional para avaliar a situação. O diagnóstico de insônia poderá ser feito por meio de uma avaliação clínica. Outras queixas, que são relacionadas a problemas de ordem respiratória ou a comportamentos atípicos pela falta de sono, geralmente requerem o exame polissonográfico (PSG), que avalia o sono em seus diferentes estágios ao longo da noite. Além do PSG, há outros testes que avaliam objetivamente o grau de sonolência diurna e medem a capacidade de permanecer acordado”, descreve.
“Dormir pouco durante muitas noites seguidas pode afetar o funcionamento de centenas de genes do corpo humano”, afirma Derk-Jan Dijk, principal autor da pesquisa e professor de genética funcional da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Para entender as alterações que as horas de repouso a menos causam no corpo humano, Dijk e colegas avaliaram 14 homens e 12 mulheres de 23 a 31 anos durante 14 dias.
Na primeira semana, os voluntários tiveram de dormir no máximo seis horas por noite e, nos dias seguintes, 10 horas. No fim de cada período, foram coletadas amostras de sangue dos voluntários. Na etapa em que houve privação de sono, mudanças no funcionamento de aproximadamente 700 genes foram reveladas pelos testes. Com isso, foi prejudicada a produção de diversas proteínas, incluindo algumas ligadas ao estresse e ao combate a doenças. “Houve também alteração na produção de proteínas ligadas a processos inflamatórios”, diz Dijk.
Colin Smith, que também assina o artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), chama a atenção para a grande variedade de genes afetados pela privação do sono. “Claramente, o sono é fundamental para a reconstrução do corpo e a manutenção de um estado funcional. Por meio do estudo, foi possível observar que vários tipos de danos parecem ocorrer.” Segundo o especialista, uma possibilidade é que a não reposição de células novas leve a doenças degenerativas. Derk-Jan Dijk acrescenta que outra surpresa foi constatar que bastou tirar duas das oito horas recomendadas diariamente para provocar tantas alterações, o que ressalta a importância de um sono reparador.
O neurologista e especialista em transtorno do sono da Universidade de Brasília (UnB) Nonato Rodrigues explica que dormir de forma adequada é fundamental para a saúde tanto física como mental. “O cérebro é o órgão que mais consome energia. É nele que se refazem as conexões gastas durante o dia e se descartam as malfeitas.” Além disso, não repousar afeta funções nobres e primordiais do ser humano, como a atenção, a memória, a concentração e o humor. “Na sociedade atual, que exige, além do trabalho físico, o intelectual, as poucas horas de sono abrem um leque de problemas de competência profissional e mental. Estudos já apontaram que a motricidade e o desempenho se tornam prejudicados”, informa Rodrigues, que não participou do estudo britânico.
A psicóloga clínica comportamental e de transtornos do sono Mônica Muller acrescenta à lista outros problemas, como a diminuição da libido e a tendência maior a infecções e a doenças de alta complexidade. Ela cita ainda consequências graves decorrentes da falta de tratamento. “Quando o problema se torna crônico, podemos observar o desencadeamento de sintomas depressivos em pessoas que têm uma predisposição para transtorno psiquiátrico”, aconselha.
Remédios Os dois especialistas brasileiros alertam para o risco de recorrer a remédios para dormir sem orientação médica “Alguns indivíduos tentam driblar o sono com drogas ativadoras do sistema nervoso central, cuja prescrição é restrita às pessoas que têm problemas específicos. A longo prazo, esses remédios prejudicarão o organismo, causando dependência e efeitos catastróficos sobre o cérebro”, alerta Rodrigues.
Mônica também é taxativa: “É importante buscar um profissional para avaliar a situação. O diagnóstico de insônia poderá ser feito por meio de uma avaliação clínica. Outras queixas, que são relacionadas a problemas de ordem respiratória ou a comportamentos atípicos pela falta de sono, geralmente requerem o exame polissonográfico (PSG), que avalia o sono em seus diferentes estágios ao longo da noite. Além do PSG, há outros testes que avaliam objetivamente o grau de sonolência diurna e medem a capacidade de permanecer acordado”, descreve.
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